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31.8.09

Pensamentos de onibus.

Coincidencias:

Hoje estava na janela do onibus, feliz, lendo meu livrinho de fotografia e ouvindo musica nos aleatorios quando me senta ao lado um negro quarentao, gordinho, com uma camera SLR, mexendo na grande maquinazinha fissurado por suas proprias fotos. Curiosa, nao resisto e dou uma espiada de soslaio, vejo algumas fotos do Rio, bicicletas, pessoas... volto a ler. Alguns minutos depois, me vem a criatura perguntar se poderia me fotografar lendo com os cabelos ao vento. E eu a pensar nessas doideiras da vida.


Felicidade e Inteligencia:

Ando feliz ultimamente. Naquelas fases em que posso dizer, despretensiosamente, que sou exatamente o que quero ser, e que espero da vida exatamente o que ela está me trazendo, sem mais, sem menos. Gosto dessa sensacao, apesar de ter consciencia de que felicidade é algo maior do que uma mera sensacao de espirito. Pensando assim nisso, perguntei a mim mesma (e me pergunto sempre) quais fatores essenciais influenciam minha vida em suas oscilacoes emocionais eventuais. Sabe, äs vezes percebo que os momentos em que me sinto melhor geralmente sao aqueles em que menos mergulho em profundidade de pensamentos e, talvez por substituicao, nos quais mais me intregue äs experiencias empíricas. Prática e teoria, leveza e peso... Ah, querido Kundera... E é engracado como ao mesmo tempo em que estou feliz sinto-me cada vez mais burra, deixando de lado a filosofia diária, os livros, filmes, o interesse excessivo por informacao e cultura, a ansiedade de QUERER sempre. Querer ser tudo, entender conhecer fazer estar em tudo, essa vontade doentia por potencia. O que me sobra, senao muito: o senso crítico e a música. De resto, sinto-me burra, ignoro conscientemente e na cara de pau, apesar da enorme culpa, de meu terrível auto-julgamento a me castigar, a resmungar baixinho `tsc... que desperdício, que fatalidade... E esta que prometia tanto, só mais uma entre a multidao.` Mais uma feliz, ao menos.

Mas afinal, por que a felicidade deve obrigatoriamente ser excluida quando se pensa demais, quando se pensa obsessivamente? Deveria ser pelo excesso de consciencia? Pela criacao de um código de ética e moral pessoal e de uma visao e opiniao individual sobre a realidade avessas ao que é visto na prática? O que diabos acontece na minha cabeca para nao acreditar que as duas podem existir em harmonia? Que o pensamento será sempre um peso, duro e racional, apesar de belo? Sinto saudade de meus devaneios construtivos, ao mesmo tempo em que abomino a ideia de voltar a te-los. Tenho medo. Medo dessa minha vida colorida ser só pintura barata pra esconder a ferrugem.

Nao. Prefiro lembrar sempre do que Bárbara um dia me escreveu: `Não acredito que a formula para a felicidade seja não pensar, mas sim ser organico, aceitar a vida com naturalidade, e tranquilidade, na totalidade dos altos e baixos. Não desista de pensar isa! Os pensamentos não são essencialmente pesados e estressantes, podem ser belos!`

E chega por aqui.

Um comentário:

  1. voce tão feliz e eu tão triste a chorar sobre livros. invertemos nossos papéis do ano passado, não?

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